20170422







Inauguração no dia 5 de maio de 2017, pelas 18h00.
Exposição integrada no festival LeV - Literatura em Viagem.

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É enganador o sossego de cada peça exposta (o oscilar revela um tremor contido). Falar em duelo é leve e cavalheiresco; aqui exercitam-se marradas. Os suportes dão de si, arqueiam, bufam e rasgam um vinco divisor. Mas respiram-se fundo, como pulmões. A imagem puxa para fora, a história leva para dentro. O olhar crava fundo nas entranhas do estranho, até o reconhecer.
(o humano em nós é um bicho que conta)
22 viagens pelos pontos que cosem a fronteira entre texto e fotografia.
22 peças do blog 22diasuteis.blogspot.com.

20170413

Creta, Grécia

E existem ainda os que não se encontram no silêncio. Que sem nada para dizer, o dizem por dolorosas eternidades. Estranhos ao privado e ao recato, tornam-nos íntimos. Os seus monólogos vazios são como sumidouros da tenacidade e do foco. Em vão nos agarramos a nós e aos varões. São insidiosos e virulentos. Cambaleamos num torpor de assistolia e de entrega.
E a seguir germina uma espécie de interesse, valha-nos Deus! Alastra uma curiosidade mórbida pelo desfiar do rosário e um cerrar de dentes à espera que a dor passe. Mas aquilo é interminável! O palavreado rodopia sobre ele mesmo e alimenta-se dos próprios dejetos; é perpétuo, pois sabe que se parar, morre.
Salva-nos o antibiótico do burburinho. O empilhar do vago em camadas finas esvazia o conteúdo e deixa ficar apenas ruído. Um ruído ensurdecedor, uniforme e libertador.