Porto, Portugal
- É a tua última oportunidade, ouviste? Depois desta poderão até haver outras, mas esta é a última, estás a perceber? A ÚL-TI-MA!! - dito isto bateu a porta contra a parede, deixando-a escancarada e zonza. E triste, principalmente triste.
As marcas falavam por si, entre si. A da mão colérica incrustada no puxador que fuçava o estuque com modos animalescos e a do estuque, que se abria em silêncio numa ferida imensa, esboroada e seca, por onde espreitava um esquelético tabique; ambas presas do atrito.
A porta ficou tão aberta que parecia fechada; fechada contra a parede, a esconder a face interior magoada. Por fora expunha a outra, a que todos se habituaram a ver.
O vão devassado enquadrava, como se nada fosse, o bailado armilar das moscas.