20090729
Kata Tjuta, Austrália
Desde muito novo que Joseba se habituara à ideia de ter um corvo pousado no ombro. Durante o dia o pássaro pouco o incomodava. Mantinha-se discretamente empoleirado a olhar fixamente para o interior da sua orelha com um ar reprovador. À noite, mal Joseba adormecia de barriga para baixo, a ave negra mudava-se para o topo da sua omoplata, aproximava o bico aguçado da orelha sonolenta e soltava um excruciante crocito. Desde muito novo que Joseba passava as noites em claro desespero.
Uma noite, mais colérico do que nunca, o corvo aproximou demasiado o bico e furou-lhe o tímpano, ensanguentando a fronha. Desorientado e enjoado, Joseba regurgitou, um a um, todos os filhotes de corvo que tinha comido ao longo dos anos.
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