20090705

Masai Mara, Quénia

Ole Odhiambo seguia, satisfeito da vida, pedalando na sua velha bicicleta de ferro. Estava só, como gostava de estar quando pedalava, e o sol generoso revia-se no seu manto carmim. Era algo digno de se ver, aquele homem que rasgava o silêncio da savana com o seu enorme sorriso. Seria pela curva demasiado apertada ou pelo excesso de confiança e velocidade, o que é certo é que aconteceu o que descrevemos a seguir.
Um solitário e descomunal elefante africano macho abanava as orelhas com impaciência bem no meio do trilho. Agastado, encontrava-se em plena época de cio sem uma única fêmea nas redondezas. A colisão era inevitável, mesmo que ainda tivesse travões. Ole Odhiambo saltou do selim, lançando-se nos braços de uma acácia. A velha bicicleta de ferro não teve a mesma sorte. O elefante, violentamente abalroado, ficou perdidamente apaixonado pelo velocípede (que sabemos ser 'de senhora') e desapareceu com ele pela vegetação. Ainda hoje as fogueiras ouvem histórias do elefante e da sua bicicleta.
Ole Odhiambo faz agora o trajecto de 12 quilómetros entre a sua aldeia e o eco-resort de luxo onde trabalha, a pé.
Esta história aconteceu mesmo, ainda que possa não ter sido exactamente assim.

1 comentário:

Rui Manuel Amaral disse...

"O elefante, violentamente abalroado, ficou perdidamente apaixonado pelo velocípede e desapareceu com ele pela vegetação."

Excelente.