20110413

Donostia, País Basco Acomodados no interior da composição, os passageiros entreolham-se à vez, a medo. Lá fora, a correnteza forte vai arrastando os olhares à deriva. Graças a Deus pelas janelas. Um plano único, belo e irrepetível. Uma árvore seca, corre para as pernas de um cão distante (os espectadores suspiram de alívio). Um furgão lento ginga-se, peludo, exibindo-se para o grande ecrã. Logo após varrer um jardim, o chão suado deita-se num leito seco. O público, embevecido, engole em seco uma lágrima. Inesperadamente, o túnel abocanha o metro, como de costume. O exterior apaga-se, e os vidros duplos, agentes maldosos, reflectem as imagens de todos, como um pontapé no estômago. Por brevíssimos instantes, olham-se nos olhos. Que grupo sombrio, que gente estranha, pensam. E desatam a verificar o seu próprio reflexo no visor do telemóvel, ansiando um toque ou, se calhar, apenas uma cara amiga.

1 comentário:

myra disse...

nao entendo pqe voce nao tem mais comentarios teu post é nao somente com fotos lindas mas o que escreve é realmente interessante e verdadeiro!!! as pessoas, todos temos que pensar um pouco ais no que passa em outros lugares! Principalmente em Cambojda, etc...
um agde abraço,