20110417

Phnom Penh, Cambodja Há cerca de 14 tipos de caras, numa multidão comum. Depois temos os formatos da cabeça, que são à volta de 8, homologados, e a distribuição de apetrechos como olhos, sinais e remoinhos capilares. Estes últimos podem atingir uma variedade de configurações tão notável que muitas vezes escapam ao vulgar transeunte. Ora, foi exactamente isso que acabou de acontecer com um par de orelhas. Aproveitando uns ramos de salgueiro mal aparados, invasores da via pública, soltaram-se do seu legítimo dono e, sem que ele ouvisse o que quer que fosse, deixaram-se pender por um galho espevitado. Há até quem tenha visto caras inteiras lançarem-se na sarjeta, envergonhadas com o descaramento a que são expostas. Mas, convenhamos, quem é que nunca correu atrás de uma língua estrangeira, imbuído de um espírito puramente altruísta, ansiando tão somente devolvê-la à boca vazia? Os dentes também se escapam, mas dão muito nas vistas. Têm o coração mole e hesitam muito, abanando por todos os lados antes de arrancarem. Tudo isto pode ajudar a perceber porque é que muitas vezes não reconhecemos certas e determinadas pessoas. O que não é o mesmo que pessoas certas e determinadas.

1 comentário:

myra disse...

todas as tuas fotos sao lindissimas!