20110518

Kompong Pluk, Cambodja Era uma vez uma cidade de rugas estreitas e profundas, a retalhar a parte velha, por onde escorriam em atribulados corrupios, e muitas vezes se incrustavam como carraças mafarricas, todas as coisas vivas que povoam a imaginação com o crepitar de mil patas finas e o deslizar de escamas no basalto, mas que em nada impedem a sobrelotação por ninhadas de locatários submissos que expiam a sua existência com largadas à porta dos despojos do dia, em sacos atados à noite, prestando, assim, vassalagem e contas de tributo aos medos que os tolhem, e que limpam as oferendas e que raspam o lixo das pregas com ancinhos de metal rebarbado, afundando um pouco mais os sulcos. Uma cidade onde as correntes de ar arrastam grilhetas e onde não se vive para sempre.

1 comentário:

myra disse...

que lindo menino , que olhar profundo, como de medo...da para entender...
abraçOs