20161118

Portel, Portugal

A mãe, monstruosa, fustigava sem dó nem tom a filha diminuta, uma polegadazita. Lançava-lhe em vagas desvairadas os impropérios que guardava de uma vida castigada. Reforçava esta formação ao rebento com encontrões secos do carrinho de bebé onde carregava um descuido de poucos meses. A menina, de outro mundo e outro tempo, arregalava os olhos com força para não perder a infância de vista. Os seus olhos eram de um azul-frágil e doíam-lhe muito, assim abertos. Por eles, de polpa tenra e cristalina, entravam as dores do crescimento.

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