Regoufe, Portugal
A vida periclitante não é fácil para a pulga-anã. Deslocando-se normalmente em linhas de grupos familiares é um momento extraordinário observar o cruzamento destes grupos no gume. Sendo uma sociedade matriarcal as duas fêmeas que encabeçam cada linha entabulam um elaborado diálogo de filamentos para poderem perceber qual é o grupo mais pequeno e assim o que se irá submeter à passagem, um arriscado processo que consiste no seguinte: o grupo submisso encaixa bem o fio da lâmina no vinco do abdómen e crava as patas em ambos os lados do metal liso, mantendo-se imóvel como grampos. O grupo maior inicia então a difícil tarefa de transpor esse perfil tão irregular sem a guia segura do gume. No entanto, algo de extraordinário acontece aqui. Cada uma das pulgas-anã imóveis começa a vibrar a sua estrutura costal eriçando-a em vinco saliente, criando assim um simulacro de gume para assistir à passagem dos seus congéneres.
A comunidade científica esvai-se em questões. O que terá levado estes ínfimos seres a viver no fio da navalha? A prescindir da sua liberdade de salto para se fixarem num caminho tão penoso?
Que fantástico se tudo isto fosse conhecido, um dia!