20170608

Porto, Portugal
Até os heróis morrem, um dia. Tal como os banais. Mas estes morrem mil dias. Antes do seu, vão morrendo em cada dia que morre cada um dos seus heróis. Claro que não é sempre assim, nos primeiros anos as pessoas só crescem, é a vida tranquila a dar um mote perverso. Depois começa gente a morrer. É o aviso da chegada do envelhecimento (se ninguém morresse, ninguém morria). Os banais vão assim pagando o preço de dar abnegadamente aos seus heróis um pedaço de si: ficam sem ele.
Quanto à forma, contrariamente ao sussurrado pelos corredores, só há uma, de morrer, que é viver até lá. Um processo cheio de sobressaltos, diga-se. Um insistente encadear de manguitos a um desígnio inexorável. As garras gastam-se de tanto esgadanhar o vazio. Uma existência heróica, a dos banais.
Os heróis, esses, morrem em explosões solares.

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