Arouca, Portugal
Convescote! O que aflora à ponta da língua esconde mesmo um icebergue palavroso... Ando eu há anos a contentar-me com migalhas de piquenique, e eis que se estende à minha frente um polido convescote. Um convescote, caramba!
Tudo se desenrola languidamente sob a proteção de um choupo. Observo um grupo diáfano que dança uma sardana à volta do tronco. Preparada na propriedade, a sidra ainda fermenta nos cestos dando um ar etílico ao prado. Cambaleio inebriado pelos aromas de compotas a derreterem em mornas fatias de pão. E as toalhas? Ah, meu Deus, que padrões delicados acamam os seus vincos de algodão na gentileza da relva. Tento beliscar-me mas acabo a segurar um canapé de trufa entre o polegar e o indicador. Um alaúde mordisca de longe, que é onde os alaúdes virtuosos costumam estar. Já descalço, ajoelho e reclino-me sobre o lado esquerdo, mergulhado em cerejas. Sublime, agora, era imortalizarem-me num retrato.
Sem comentários:
Enviar um comentário