Istambul, Turquia
O colóquio agoniza ao vergar todo o seu peso sobre a muleta ‘tipo’. Os avanços da conversa são insistentemente interrompidos pelo ecoar das pancadas secas do apoio. Tipo isto, mas muito. As palavras, julgando-se livres, embatem nessas vigas baixas com violência tornando o diálogo balbuciante e primário. A fluidez é telegráfica e a narrativa, assim agrupada em montinhos, evapora na atmosfera. Há momentos dolorosos em que o ‘tipo’ se apoia nele próprio, ou num congénere, para se definir, desmoronando numa tautologia gaguejante; um autêntico trambolho verbal. O ouvinte colateral é lenta e insidiosamente despedaçado. Vários são os ‘tipos’ que se lhe infiltram na deriva do raciocínio deixando um zumbido náufrago; uma desorientação que por ser sóbria mais dolorosa se torna. Como forma de exorcismo quem é atingido refugia-se na contabilidade masoquista de contagem dos ‘tipos’. Mas isso é apenas um esbracejar inútil, um outro passo para sucumbir à dormência da tipologia infinita.
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