
20090430

20090427

Piódão, Portugal
O homem olhava fixamente a tela a uma distância correctamente calculada a partir das dimensões da peça, técnica utilizada e condições de luz do momento. Olhava-a, também, seguindo as mais rigorosas regras da etiqueta de galeria, não esquecendo uma quase imperceptível inclinação da cabeça e um displicente colocar dos dedos indicador e médio sobre os lábios. Era perfeito. O mais distraído dos visitantes não podia deixar de se sentir um verdadeiro idiota, perante tal relação de cumplicidade. Homem e tela eram um só, descodificando conceitos e libertando metáforas. Parecia ter passado uma eternidade naquela posição, quando o fiel cão-guia se roçou nas suas pernas dando-lhe o sinal esperado. Aliviado o homem agarrou a trela e deixou-se levar.

20090426

O aviso chegou demasiado tarde. Pelo aspecto tinha passado mais uma noite na pândega a alimentar uma cirrose hepática promissora. Ultimamente isto acontecia demasiadas vezes para alguém com tantas responsabilidades. É claro que quem se aproveitava disto era a surpresa, que conseguia, assim, apanhar tudo e todos. Mas desta vez as consequências da sua falta foram demasiado graves e o aviso, numa reacção desesperada, pegou numa mão cheia de incógnitas e suicidou-se. E agora?
20090419

20090418

20090414
20090411

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