20100213

Porto, Portugal Toda a gente fala de gigantes. Mas só uns poucos apanham as pontas de alinhavos esquecidas no soalho. E quase nenhuns semicerram os olhos aos padrões dos pavimentos de granito. Um brado tonitruante assusta, mas também revela uma posição débil, enquanto que um sussurro atrás de reposteiros pesados pode silenciar uma multidão. Mas é de nuvens que as cabeças se alimentam e não das gotas de suor que se evaporam por elas. Um esforço conjunto do polegar e indicador traz à atenção uma unha morta, curvada no seu próprio esquecimento. Seguram-na carinhosamente por uma das pontas facetadas enquanto sopram a mortalha de pó que a envolve. Ambos sentem uma angústia de perda, um amor parental distante, mas não conseguem evitar deitá-la à companhia de excrementos.

Sem comentários: