20111204
Marraquexe, Marrocos
Os lampadários almorávidas tomam a forma do relevo decorativo sob o qual pendem, ou é o inverso? Os mestres de artes que se empoleiram nos selins ferrugentos, juntamente com quartos de tinta, sifões e abraçadeiras, aguardam uma empreitada, ou são os fungos bolorentos, as meadas de cabelo e sabão negro e os bules silenciosos que rezam pela chegada dos primeiros? Os dorsos escuros que cortam as águas barrentas, no lago do pavilhão, cavalgam pesadelos de fundo viscoso, ou são esses gumes diligentes que mantêm as águas lisas? As muralhas da cidade desagregam-se pacientemente, ou são sinais apaixonados de quem anseia o abraço do andaime e o afago da colher de pedreiro? As flautas encantam mesmo as serpentes, ou são apenas cadáveres hirtos de velhos répteis, que intrigam os seus congéneres vivos ao exalar sopros humanos? As grandes laranjas que vergam os ramos, escarram melaço ás azeitonas pretas, ou são as oliveiras, raposas escorregadias, que assim se resguardam da cobiça pública?
O que é certo, é que um mapa nunca se volta a fechar pelas mesmas dobras.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário